INTERDISCIPLINARIDADE
“As capelas cientificas, fundadas sobre o signo da especialização, vivem muito mais a vontade num mundo fechado, onde a verdade de cada um é menos contestada, do que num mundo aberto, onde estão expostas aos ventos da crítica.”
HILTON JAPIASSU
De acordo com Everton Moreira Magalhães o conhecimento está sendo construído de forma fragmentada, cada vez mergulhamos em uma maior especialização, a matemática já vem há muito tempo sendo ensinada dividida em geometria, trigonometria, aritmética entre outras áreas; já a língua portuguesa se reparte em gramática, ortografia, e literaturas. As outras matérias dos ensinos médio e fundamental também se repartem, como se a simples existência destas disciplinas já não significasse um conhecimento partido, e cada vez mais longe da realidade do aluno.
Para Hilton Japiassu, é necessário antes de se definir o que é interdisciplinaridade criar uma precisão terminológica para disciplinaridade. Define ele a disciplina como “ciência”, e a disciplinaridade portanto seria a exploração do universo desta ciência. O que seria portanto a interdisciplinaridade do que a negação das fronteiras disciplinares? Como já foi explicitado é necessário que não se confunda o termo em questão com as limitações que trazem os conceitos pluri e multidisciplinar. A interdisciplinaridade se distingue dos demais conceitos por não se limitar as metodologias de apenas uma ciência, buscando assim o conhecimento unitário e não partido em fragmentos que parecem cada vez mais, como já explanado anteriormente, irreais. Ainda segundo Japiassu, a interdisciplinaridade surge como uma necessidade imposta pelo surgimento cada vez maior de novas disciplinas. Assim, é necessário que haja pontes de ligação entre as disciplinas, já que elas se mostram muitas vezes dependentes umas das outras, tendo em alguns casos o mesmo objeto de estudo, variando somente em sua análise. Caso mais freqüente nas ciências humanas, já que ao contrario das naturais não existe uma hierarquia entre elas.
As disciplinas não se comunicam, porque o modelo de organização do ensino acaba criando caixinhas, em que cada professor se fecha dentro dela e não dialoga com as outras áreas do conhecimento, achando que sozinho dar conta de tudo. Mas, não é bem assim na prática, porque cada disciplina, tem pré-requisitos em outras, criando naturalmente uma interdependência, que se não for feito o link necessário muitas informações deixam de chegar até o aluno, comprometendo o seu aprendizado. Pensando nisso, tentei agrupar disciplinas em torno da ciência cartográfica, para otimizar o tempo da geografia, que acaba sendo responsabilizada por ela, dinamizar a cartografia e dar um valor maior ao seu conteúdo envolvendo as outras disciplinas. Na verdade, minha intenção era envolver apenas os professores de Geografia e Matemática na elaboração de uma oficina de Sólidos geométricos para facilitar a compreensão dos alunos em relação as projeções cartográficas. Quero chamar a atenção em relação ao agrupamento feito a seguir, que o mesmo somente surtirá efeito positivo sobre a aprendizagem dos alunos, se os professores planejarem juntos a ação didática em torno do conteúdo escolhido. Fica em aberto a proposta apresentada de trabalho interdisciplinar para sugestões e críticas, porque quanto mais pessoas pensarem em torno dela, maiores serão os ganhos para a escola, a educação e principalmente o aluno.
CIÊNCIA – CARTOGRAFIA
LOCALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO – Geografia (rosa-dos-ventos), História ( evolução do homem desde o paleolítico até os dias atuais – do nomadismo ao sedentarismo)
(FORMA E MOVIMENTO DA TERRA – Matemática (determinação da circunferência terrestre – calcular ângulo e grau), física ( movimentos da terra) e Geografia ( estações do ano, variação da insolação ao longo do ano e do dia)
COORDENADAS GEOGRÁFICAS – Matemática (paralelos, meridianos, cálculo da distância em grau, minutos e segundos) e Geografia (latitude e longitude)
FUSOS HORÁRIOS – Matemática (distância em grau, minutos e segundos) e Geografia (explicar a diferença entre os fusos – longitude)
OS MAPAS – História (antigas formas gráficas de comunicação, precedendo a própria escrita), Geografia ( classificação de mapas e cartas)
ESCALAS – Matemática ( unidades de medidas, regra de três), Gegrafia ( fazer a correspondência entre dimensões reais e representadas)
PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA - Matemática ( figuras geométricas, sólidos geométricos, transferir informações do sólido geométrico para o plano – calcular o ângulo, calcular a distância em grau na latitude e na longitude) , Geografia ( tipos de projeções cartográficas, o uso das projeções cartográficas, a ideologia criada em torno das projeções cartográficas)
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA – Português ( linguagens da comunicação visual, diferentes símbolos de comunicação) , Geografia (representação das relações entre os fenômenos ( sociais ou naturais) do espaço geográfico.
GRÁFICOS – Estatística (os diferentes tipos de gráficos e sua adequação para cada tipo de fenômeno representado) geografia ( decodificar diversas informações que aparecem cotidianamente em mapas e gráficos nos noticiários televisivos, jornais, revistas, livros e internet.
TECNOLOGIAS MODERNAS APLICADAS À CARTOGRAFIA – Geografia (organização do espaço geográfico), Sociologia (sociedade e espaço), Filosofia ( pensar, refletir sobre as mudanças e apropriação do espaço pelo homem a partir das novas tecnologias) e Labortório de Informática Educativa – LIE (satélite, computação e telecomunicações – tem possibilitado a utilização de novas técnicas de coletas e processamento de dados do espaço geográfico – com mapas cada vez mais precisos , permitindo ao aluno interagir em tempo real com o objeto de estudo.
endereços eletrônicos:
http://maplink.uol.com.br/index.htm ;
www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br ;
http://satelite.cptec.inpe.br ; www.ptr.poli.usp.br/ptr/cursos/sig_gps/index.html
